Vamos aprender a perder alguém?

Quando vamos começar a ensinar a perder pessoas? Somos ensinados e também ensinamos muitas coisas. Ensinamos as mães como cuidar dos seus filhos, os filhos como serem boas pessoas, os jovens como serem bons profissionais, como ser boas esposas, bons maridos, com filhos de Deus. Mas e quando chega aquele momento da nossa vida em que perdemos alguém. Quando um pai, uma mãe, um filho, a esposa, o esposo, os avós, quando alguém que amamos muito nos deixa o que fomos ensinados a fazer?

Quando perdi meu pai eu estava a mais de 1000 Km de distancia, mais de 15 horas de viagem para chegar até minha família. Foram muitas horas pra pensar... Pensei na falta que ele faria, no que será que tinha acontecido, como estava minha mãe, minhas irmãs, onde ele seria velado e sepultado... O que posso falar para as pessoas, como avisar, como contar, como explicar o que estou sentido, o que estava sentido, até quando chorar, o quanto chorar...Eram muitos questionamentos que nem sabia se podia perguntar em voz alta. Hoje já me respondi cada uma e muito mais, mas ainda vejo muitos perdidos em seus pensamentos. E outros sem saber o que dizer, ou por pura falta de empatia, ou por falta de coragem. 

Cada um vive o luto de um jeito e muitas coisas influenciam esse momento. O relacionamento bem resolvido ou não, culpa, imaturidade emocional, maus conselhos, ou visão distorcida do que é a morte. Mas o conselho que vale para todos é não engula o choro, se sentir vontade de chorar, chore, não evite pensar na pessoa que morreu, pense, lembre de seus momentos juntos, não deixe de falar na pessoa que morreu, encare o que aconteceu, mesmo que com lágrimas nos olhos, afinal você não vai esquecê-la assim, deixando de tocar no assunto, mas falando, contando, lembrando, mencionando, você vai se acostumar com a sua ausência e a saudade, ahhhh essa vai estar sempre por ai... Até o dia em que todos os mortos ressuscitarem e isso sim é um bom consolo. 

Aprender a perder alguém não vai tornar isso nem um pouco mais feliz, mas vai nos fazer crescer como pessoas ao invés de nos atrapalhar de viver.